sexta-feira, 13 de março de 2015

A sujeira debaixo do tapete e um mundo de aparências




     Todo mundo esconde suas mazelas. Um lado obscuro recoberto com um sorriso amarelo. As pessoas nem sempre tem coragem de mostrar o que realmente são, o que realmente sentem, o quanto são vulneráveis. É mais cômodo varrer a sujeira pra debaixo do tapete do que fazer uma faxina geral.
É menos dolorido, é menos custoso, é mais discreto.
    Ninguém quer mostrar que falha, que tropeça, que nem sempre está coberto de nobres intenções. É incômodo saber das fraquezas do outro, de tudo de imperfeito que se esconde por trás do que parece perfeito. E mais incômodo ainda é mostrar-se assim.
    Desfazem-se as ilusões. E muitas vezes é a ilusão que sustenta a realidade. É incômodo saber que sorrisos amigos podem preceder punhaladas; saber que, como já dizia augusto dos anjos, o beijo é a véspera do escarro. É incômodo mas necessário.
    É muita gente tentando parecer feliz pra pouca gente realmente sendo. Não sei ser desse jeito. Ouvi uma vez por ai que mais vale uma tristeza legítima que uma alegria forjada. Prefiro uma verdade dilacerante a uma mentira que me acaricia.
Se em terra de cego quem tem olho é rei, em terra de aparências, quem não tem nada a esconder nunca perde a majestade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário