segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sobre conteúdo, futilidade e generalizações



Li em algum lugar que quem nasceu bonito não tem mérito nenhum nisso. Só teve a sorte de ter uma combinação DNA que corresponda aos padrões de beleza da sociedade. Ou você nasce assim ou passa a vida tentando compensar essa (falha?) do destino. Já caráter, um bom papo, cultura é algo que aquela pessoa conquistou, se esforçou para conseguir, e que então deve ser valorizado.
Mas nada impede que aquele cara bombado que está dançando no meio da boate, um pouco alterado pelo álcool seja um homem gentil, carinhoso, que cuide ou talvez até sustente sua família, inteligente (porque não?) só talvez não goste muito de estudar, mas trabalha e luta pra subir no emprego e só está com vontade de se divertir um pouco. Da mesma forma, aquele nerd, que passa imagem de santinho, que nunca sai de casa, o correto, a melhor escolha, seja na verdade frio e agressivo. Pois é. Conheço garotas de saia curta e marombados com coração muito melhor que muito ''certinho'' por ai.
Temos sim que valorizar um papo agradável, inteligência, um bom coração, cultura, mas sem generalizar e nem julgar precipitadamente. Essas características não estarão necessariamente no sósia do Ian Somerhalder da sua faculdade ou no cara que ninguém dá assunto porque usa roupas estranhas. Mas você só vai descobrir isso se tentar conhecer mais a fundo cada um deles.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Nossa música

Liguei o fone, coloquei no modo aleatório e tocou aquela música. Aquela música que tocou no dia que a gente conversou pela primeira vez e que me fazia ficar feito idiota olhando para você enquanto você a tocava na guitarra para mim.
Música que não é da minha banda favorita, nem da sua e que eu nem conhecia antes daquele dia, mas que decorei palavra por palavra de tanto ouvir lembrando de você.
Foi por causa dela que nós conversamos até a festa acabar e nem percebemos que quase todo mundo tinha ido embora. Pra mim ela tem um gesto, um sorriso, uma palavra sua em cada nota.
Música que me faz ter vontade de esquecer todos os mal-entendidos, todas as  brigas e viver aquilo tudo de novo. E que eu sempre passo quando ela toca no som do carro, mas nunca tive coragem de apagá-la. Ao mesmo tempo, eu sinto falta de ouvi-la e não raras vezes, sua melodia vem à minha cabeça antes de dormir.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Crise dos 20


Você não tem mais hora pra chegar em casa. Na verdade, às vezes dá até uma preguicinha de sair, escolher uma roupa, maquiagem, combinar com as amigas. E será que vai ter lugar pra sentar? Será que vão discutir política de novo e sair cada um com raiva para o seu lado? Será se vou conseguir acordar cedo pro estágio amanhã? O orçamento vai permitir essa saída?
Hoje você procura um emprego, estabilidade financeira, um estágio, entrar ou formar na faculdade. Alguns de seus amigos já estão casando, subindo no emprego, alguns quase formando na faculdade e você ainda nem sabe se tá tomando o rumo certo na sua vida. A saudade aperta daqueles tempos em que você só se preocupava se iria ser convidada para a próxima festa de 15 anos, com que vestido iria e se iria tocar aquela música que você ensaiou a coreografia.
Somos crianças com maioridade penal. Não temos mais o mesmo vigor dos 15, nem os mesmos sonhos, nem as mesmas amizades. Algumas persistem, fazendo você não se esquecer da garotinha que foi um dia. Garotinha que não se imaginava assim aos 20.
Se imaginava na faculdade, realizada, namorando com um príncipe encantado, motorizada, com renda fixa, viajando com os amigos e sem guerras diárias com o cabelo. A realidade não é essa. Mas quem tem essa realidade?
Aos 20, ainda se tem muito a realizar. Se tem muito a aprender. Se tem muito a crescer. Mas na nossa cabeça, passou tempo demais. Para algumas coisas sim, para outras, talvez não.
Aos 20 ainda nos permitimos ter crises. Ainda nos permitimos ser meio adultos e meio adolescentes inconsequentes e, assim, tentamos aproveitar o melhor dos dois mundos.