domingo, 28 de agosto de 2011


Era notável que aquele sorriso sarcástico sempre balançava o coração dela.Era como um soco no estômago. A cada vez que ela o via, tinha mais certeza do que sentia e de que não queria sentir isso. Então ela simplismente ignorava, pensava em outras coisas, ocupava sua cabeça ao máximo para evitar que a imagem dele viesse à sua mente. Mas naquele dia, parecia impossível ignorar.
Por mais que ela evitasse, a imagem dele atraía involuntariamente o olhar dela.
Percebendo aquela batalha individual, ele fez questão de se aproximar.
Olhava para ela como se nada tivesse acontecido, como se todos aqueles fatos do passados estivessem esquecidos. Ela relutava, desviava o olhar, procurava em volta qualquer coisa que chamasse sua atenção. Mas como um cheque mate, num covarde golpe fatal, ele a beijou.
Nesse momento, os pés dela perderam o chão e sua cabeça girava. Razão e coração estava em intensa batalha e com um gesto inconsciente, ela o empurrou e correu.
Ela sabia que, para ele, ela era apenas mais uma e que para ela, tudo aquilo tinha uma intensidade diferente. Ela parou em um canto, organizou seus pensamentos e se lembrou de respirar. E prometeu para si mesma que seria a última vez, que essa situação não se repetiria, assim como ela já havia prometido muitas outras vezes...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Escolher não é uma opção


Decisões são tomadas a todo instante. Umas mais, outras menos relevantes. É difícil checar prioridades, oscilar entre o certo e o errado e, ás vezes, ter que abrir mão de coisas importantes para buscar outras, mas decidir é um mal necessário.
Um direito pelo qual lutamos, mas nem sempre sabemos o que fazer com ele. Decidir é tomar as rédeas do destino e escrever a própria história, mesmo,muitas vezes, não sabendo aonde se quer chegar.
 Nossas decisões nos compõem e nos dizem aonde chegaremos.
É aquela velha história de que algo simples como o voô de uma borboleta pode gerar um tufão do outro lado do mundo. A teoria do caos explica perfeitamente como o rumo de nossas vidas é constantemente alterado por pequenos eventos.

sábado, 6 de agosto de 2011

O outro


É no mínimo incômodo sairmos de nossa zona de segurança e olharmos para o próximo. Vivemos em uma era totalmente impessoal, egoísta e egocentrista. Busca-se dinheiro, fama, prestígio, ainda que isso signifique ''passar por cima'' de milhões de pessoas. Não falo de Hitler com o Holocausto, nem dos políticos com as verbas do combate à fome desviadas, mas de nós mesmos que passamos todos os dias por muitas pessoas que precisam de nós e simplismente não as vemos. 
Não vemos, pois muitas delas se tornaram invisíveis a nós, se tornaram parte de uma paisagem urbana repleta de injustiças sociais de todo tipo. Isso acontece até mesmo com tantas pessoas com quem convivemos diariamente e com as quais não trocamos meia dúzia de palavras.
Passamos diariamente por várias pessoas que não sabemos nem o nome. Você alguma vez já deu bom dia para o porteiro do seu prédio? Ou para a faxineira da sua escola?
É do que Otto Lara Rezende trata em uma de suas crônicas: a banalização do olhar. De tão acostumados a ver, nós não vemos, e de tão acostumados a não ver, nos esquecemos de que se trata de pessoas, assim como nós.