segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Um minuto é tempo demais

Perdi o ônibus mais uma vez.  Não vou chegar em casa a tempo de colocar a lasanha congelada no microondas e comer assistindo ao último capítulo da novela. Vou ter que ir andando porque até o próximo ônibus passar já teria dado tempo de ir para casa.
Quase noite, todo mundo saindo do trabalho e voltando para casa, o som das portas de metal fechando os comércios, as luzes vermelhas e amarelas dos carros iluminando o entardecer, aquele momento em que não é noite, mas também não é dia.
Liguei o fone e fui ouvindo uma música antiga que já até enjoei, mas não renovei a playlist por pura preguiça. Fui andando e pensando em como mais um fim de ano está chegando e como não mudei de vida como eu sempre prometi.
Mais uma vez não tive coragem de largar o emprego mais ou menos que quase paga todas as minhas contas, mas não me faz realizada. Ainda não entrei na livraria nova que abriu em frente ao meu trabalho pra saber se o livro que eu queria chegou. Ainda não juntei dinheiro para viajar só com as amigas, como a gente planejava nos tempos de colégio. Não entrei na aula de francês, para um dia fazer a o curso de gastronomia que eu tanto sonhava na França, conhecer um francês lindo, viver um amor de viagem e voltar para minha vidinha no Brasil. Não entrei na academia, nem diminui os carboidratos pra perder a barriguinha que tanto me incomoda. Ainda não tive coragem de ir na imobiliária e olhar um apartamento novo pra alugar , mesmo sabendo que o contrato do velho está prestes a vencer.
Ando ainda assim, deixando a vida levar, mas querendo que ela leve para os lugares certos, sem nem me esforçar em indicá-la a direção. Deixa que amanhã eu mudo isso.