terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pesadelos de uma noite de terror

Ela olhava para os lados e não via ninguém. A rua escura, uma garoa fina que caia. Uma cena semelhante àquelas de filme de terror, em que a garotinha indefesa é assassinada pelo serial killer.
Andava a passos apressados para um destino que parecia nunca chegar. Sua mão suava. O coração, acelerado. Foi então ouviu um barulho.
Seu coração congelou. Não era o vento que batia nas árvores, nem uma janela fechando. Era algo semelhante a passos, mas o medo deixava sua cabeça tão atordoada que não coneguiria distinguir o som um lápis caindo do barulho de uma motosserra.
Ela apressou o passo, mas suas pernas tremiam incontrolavelmente. O medo excessivo não permitia sequer que ela respirasse, quem dirá conseguir olhar para trás.
Seus pensamentos ficavam mais confusos à medida que o tempo passava. Então, sentiu algo encostando em sua perna. Foi aí que elas travaram, não conseguia mais andar.
Com o coração na mão, olhou para o lado e foi então que ouviu as palavras fatais do sanguinário e ameaçador adversário:
''au-au''.
Nada mais que um inofensivo cachorrinho, à procura de carinho.

sábado, 5 de novembro de 2011

A exceção


Sentou na cadeira do avião desejando com todas suas forças que ninguém sentasse ao seu lado. Desejou que o passageiro do lado tivesse uma dor de barriga, perdesse a passagem ou ganhasse na loteria, qualquer outra coisa que o impedisse de viajar. Olhava para  a cadeira ao lado e preferia tê-la vazia até o fim da viagem, para terminar de escrever seus artigos, sem ter alguém do lado observando ou tentando socializar.
Ela nunca tivera muita sorte com isso, viajando na classe ecônomica, a cadeira ao lado estava sempre ocupada e era de regra que fossem figuras estranhas: de pseudo-cartomante que teimava em tentar adivinhar seu futuro a ex participante de Reallity Show que ainda se achava celebridade, ela conheceu de tudo.
Sonhava com o dia em que viajaria na primeira classe e pudesse escolher qualquer destino. Sonhava com um emprego em um grande jornal e o dia em que seus livros se tornariam best-seller. Enquanto isso, ela se contentava com um emprego em um jornal de circulação estadual e colunas semanais de comportamento.
Para ela, sempre foi fácil resolver os problemas alheios, era quase uma conselheira profissional. E, assim, deixava so seus em segundo plano, ignorava-os solenemente.
Ela olhava para o corredor e a cada passageiro que passava seu coração congelava, temendo ser seu próximo companheiro de viagem.
Distraída olhando para a janela do avião e mirabolando mil planos ela se assustou quando sentou ao seu lado um homem.  Alto, cabelos castanhos bem penteados, olhos claros.
E ela sorriu, abrindo uma exceção, pois a partir daquele momento, tudo que desejava era ser observada e importunada com tentativas de socialização. Os artigos que fossem às favas.