Uma breve divagação Aliciana

Engana-se quem acha que Alice no País das Maravilhas é apenas uma historinha infantil. Ela desperta profundas reflexões sobre a vida e a loucura. 
Quando Alice cai no poço, ela adentra-se em si e em seu delírio, mas ainda assim ela parece ainda estar na realidade. Mas quem disse que a realidade não é louca?
Assim como Alice quando come o cogumelo e começa a crescer, nós triunfamos em alguns momentos. E assim, temos uma proporção distorcida da realidade, sobestimamos as cirscunstâncias e superestimamos a nós mesmos. Por outro lado, quando comemos a parte do cogumelo que faz encolher, desesperamo-nos. Porque , de repente, tudo parece tomar uma proporção muito maior do que na realidade é. Camundongos parecem rinocerontes. mas, é preciso entender que para passar por algumas portas, é preciso diminuir de tamanho.
Há também o célebre encontro com o gato Cheschire. Alice quer uma resposta, uma direção, mas o gato não a responde satisfatoriamente. É o que acontece com a felicidade, ela é um caminho de resposabilidade individual, que ainda que lhe dêem mapas, só a partir da tentativa e erro, de assumir certos riscos é possível acertar. Ninguém pode nos falar com certeza aonde devemos ir.
Ainda assim, a figura mais emblemática é o chapeleiro maluco. Ele é uma leve representação da sociedade, falida em sua imagem e que ainda sustenta uma pose. E, apesar de parecer louco é o personagem que mais faz sentido na história. Ele encoraja Alice a acreditar nas loucuras dela: nada mais sensato que isso.
Há também o coelho, que para alguns é mero coadjuvante, mas que tem todo um significado. Ele fala de uma corrida. Os homens vivem apostando corridas. Corridas que ninguém sabe quem vence. Talvez a vitória não seja de ninguém. As vezes somos o coelho, que anda sempre com pressa para chegar a lugar algum. Paulo Mendes Campos diz isso em sua carta para Maria da Graça (texto em que este foi inspirado) '' Não te preocupes com a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. se chegares sempre onde quiseres, ganhaste.'' Completo com uma frase de Marcos Barreto: '' viver com pressa é atraso de vida."